Quem somos para avaliar a arte, depois que entendemos tanto sobre o processo? Bom, é impresssionante como podemos, com o simples fato de outorgado a nós o papel de professor, exercer o poder de definir o certo e o errado, o bom e o ruim, entretanto, para uns Picasso é um gênio, Dali é loco e Michelângelo é a perfeição, porém posso considerá-los todos muito distante daquilo que aprecio como arte, mas jamais julgar certo ou errado, bom ou ruim.
Mas a Temática oito do interdisciplina de Arte nos alerta e nos reconstroi para esse dilema de avaliar a arte.
Quero citar Ferraz, Fusari, Martins e Hernandes em alguma passagens que mexeram com o meu entendimento de avaliação:
Com referência ao ensino e aprendizagem de arte, o ato avaliativo não pode ser uma simples mensuração de produtos finalizados. Isso porque nem sempre o resultado de um trabalho em arte reflete os procedimentos e as motivações presentes em seu surgimento. (Ferraz; Fusari, 1999, p.123)
Nessa frase as duas auloras elucidam uma questão importantíssima. Nem sempre o resultado da experiência é aquilo que se idealizou como meta. Os percalços do caminho, os materiais utilizados, os traços refeitos, as cores de quantidades demasiadas, um dia mais úmido, tudo deve ser levado em conta para que "o boneco de marchê fique mais enrigecido ou mais tortinho..."
Por isso, até mesmo um portifólio de aprendizagem, ou uma simples anotação de o que e como foi realizado no dia ou na semana seja um bom instrumento de compilação para a avaliação.
“é preciso não esquecer que a avaliação não pode ser apenas do educador”. (Martins 1997)
Isso nos remete a escutar o que o aluno interpreta e principalmente externaliza, quase construindo um "critico de arte"
Martins (1998) contribui nesse sentido, ao lançar algumas perguntas que nos fazem pensar sobre os critérios que vamos escolher para avaliar:
Como será que o aluno experimenta os códigos da linguagem visual?
De que forma trabalha com as cores? Cria cores novas?
Como ele organiza o espaço?
São formas de entender o processo e é preciso compartilhar com o aluno esses critérios para que ele evolu em sua própria percepção e desenvolvimento.
Em continuidade, Martins (1998), sugere que o professor, a partir dos trabalhos dos alunos, responda à questões, tais como:
O aluno constrói conceitos sobre arte?
Relaciona e compara intenções e valores nas manifestações artísticas e estéticas do passado e da atualidade, na sua própria cultura e na de outros povos? Em que nível de profundidade?
Identifica autores e artistas de diferentes épocas, países, movimentos, gêneros, nas diversas linguagens da arte?
Situa as preocupações estéticas dos períodos da história da humanidade que foram trabalhados?
Compreende e explica como as manifestações artísticas, a história e a cultura se influenciam mutuamente na produção e na decodificação de seus produtos?
Conhece as profissões artísticas?
Essas perguntas aprofundam a arte e o conhecimento dos alunos, e podem iniciar um grande debate nas escolas, pois quando trabalhados poderão instigar os alunos e quando esses alunos descobrem esse potencial, exigem mais, e ao exigirem mais a arte toma proporções maiores invadindo ocotidiano da escola e modificando o seu dia a dia.
“Ainda que seja possível que (...) o componente de tensão se mantenha, o aluno conhece a finalidade e o sentido do que faz e de como a avaliação faz parte do próprio processo de aprendizagem. Isso pode ser alcançado se for levada em conta a relação entre a situação de avaliação com os objetivos do curso e da disciplina. Isso vai facilitar que o estudante venha a saber em que se deter e a que não considere a situação (ou situações) de avaliação como um castigo ou um obstáculo a superar, mas sim como uma forma, um momento (uma a mais) de sua própria aprendizagem.” Hernandéz (2000, p.153)
Quando Hernandez nos coloca isso, parece bastante fácil, mas ainda há um caminho quase utópico para alcançar tal momento. Porém a utopia estaá colocada para irmos adiante e não desostirmos. Quando não só em arte o aluno for esclarecido e também o professor acreditar nisso, que a avaliação final é apenas mais um momento de aprendizagem, talvez alcancemos a utopia.
(...) entende-se por avaliação a realização de um conjunto de ações direcionadas ao recolhimento de uma série de dados sobre uma pessoa, fato, situação ou fenômeno, com o fim de emitir um juízo sobre a mesma (Idem, p. 148).
Depois de pensar sobre tudo isso ainda fica o questionamento: Posso eu, emitir esse juizo imparcialmente. Talvez ainda muito carregado de juizos de valor própri em função das ideologias que crems, mas por fim é um começo...
Depois de analisar tudo isso é possível vislumbrar luz no fim do túnel da avaliação e gostaria de marcar as fases de avaliação que Hernandez (2000) nos propõe.
(...)
O autor ainda nos propõe três fases de avaliação, que sintetizamos aqui:
Fase 1 A avaliação inicial
Etapa na qual a intenção é detectar os conhecimentos que os estudantes já possuem ao iniciarem um curso ou estudo de tema. O autor alerta, para que nessa fase, não se enfatize aquilo que os alunos “não sabem”. Deve-se, sim, “tentar coletar evidências sobre as formas dos alunos aprenderem” (idem, p.149). Aqui Hernandéz propõe perguntas-chaves sobre os temas a serem estudados. Exemplo: “Que possibilidades de representação a aquarela abriu?” (idem, p.149).
Fase 2 A avaliação formativa
Tem a finalidade de ajudar os estudantes a progredirem no caminho do conhecimento. Necessita-se aqui de ajustes constantes entre o processo de ensino e o de aprendizagem.
Fase 3 A avaliação somativa
É proposta como um “processo de síntese de um tema, de uma série ou um nível educativo, sendo o “momento” que permite reconhecer se os estudantes alcançaram o resultado esperado” (idem, p.150). Também serve para os professores avaliarem a sua tarefa e o processo ou dificuldades dos alunos.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
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