segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um olhar mágico


O trabalho da segunda semana de estágio foi muito marcante. Ele fez com que não só o olhar do alunos pudesse se transformar em mágico para as coisas do mundo, mas principalmente o meu. A partir da história, da reflexão e do envolvimento dos alunos percebi que também possuo um olhar que pode ser mágico.
Os alunos e alunas fizeram a leitura do livro “Os olhos mágicos de João” de Marô Barbieri,individualmente e tiveram um sentimento bom com a perspectiva de cada um possuir um exemplar do livro, possibilidade essa que foi tranqüila pois temos dez exemplares do livro na biblioteca e eu também levei o meu próprio exemplar para atividade. O autógrafo de Marô Barbieri em alguns exemplares também foi motivo de comentários sobre como foi a visita da autora no ano de 2009 à escola.
Após o trabalho de interpretação ficou claro que é necessário instigar a imaginação para que os alunos usem a sua e acreditem que é possível a partir do sentimento mágico exercitar novos sentimento que possibilitem conhecer além do que o mundo nos apresenta concretamente. É necessário que os alunos acreditem em seus próprios sonhos e sua própria imaginação.

“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!” (Mário Quintana, 1948)
 
Após a leitura, realizamos a confecção de óculos em papelão com celofane colorido para que pudessemos imaginar um outro mundo e nossos sonhos. E foi nesse momento que as coisas se transformaram, pois ali, na brincadeira passamos, alunos, alunas e eu, que é possível, com imaginação, alegria e crença no sonho, que as coisas podem trilhar os rumos que gostariam que tivessem.

A confecção dos óculos mostrou uma quebra na racionalidade e fez com que sorrissem mais e vissem o mundo de forma colorida, mesmo que fosse apenas na cor do celofane colado.
A seqüência com os professores específicos em outras aulas fez ampliar o olhar diferente sobre as coisas a partir do olhar na escola e também através de conceitos de palavras sobre sensações e sentimentos humanos ainda em construção: compaixão, tolerância, solidariedade, humanidade, sonho, amor... 

(...) o sonho é tão necessário aos sujeitos políticos, transformadores do mundo e não adaptáveis a ele (...) (Freire, p. 92 , 1992)
(...) Que educador seria eu se não me sentisse movido por forte impulso que me faz buscar, sem mentir, argumentos convincentes na defesa dos sonhos por que luto? Na defesa razão de ser da esperança com que atuo como educador. (Freire, p. 84, 1992) 

O Teatro

O teatro tem significado maior em meu trabalho e para alunos e alunas que trabalham comigo também. Ele é um instrumento de desinibição, integração, alfabetização, politização e transformação, ele faz com que a criança, o adolescente e o adulto sintam-se parte e protagonista de sua própria vida e sociedade.


"O ser torna-se humano ao descobrir o teatro" (Augusto Boal, 1992)

O trabalho de teatro da semana encontrou um conteúdo diferente, a experimentação de energias corporais e o domínio sobre ela e o corpo. O trabalho é complexo e demorado, Trabalha com três energias - Semente (suave), Pantera (ágil) e Samurai (dura), uma em sequencia da outra e com muito trabalho prático corporal. A experiência demonstrou na prática o olhar mágico, diferente e novo que as crianças estão tendo sobre a sua própria vida. No mesmo local que sempre fizeram teatro, seus olhos brilhavam a comentar que: “como é legal fazer esses movimentos com a energia”, encontrando um significado novo para o fazer teatro e para a seu dia-a-dia. “A atividade de expressão não visam à formação de um artista, mas sim ao desenvolvimento de um ser dinâmico e social” (Machado, 59, 1989).

Esse encontro entre o prazer do fazer do aluno e sua felicidade em realizar a atividade construindo algo novo e possibilitando seu desenvolvimento encontra eco naquilo que diz Paulo Freire: "Ninguém educa ninguém, todos nos educamos em comunhão ", pois é uma troca entre aquilo que é lançado pelo educador e o que é experimentado e devolvido pelo educando e sua relações.

(...) Refletindo desta forma sobre a questão, a unidade básica de análise do processo ensino/aprendizagem já não é a atividade individual do aluno e sim a atividade articulada e conjunta do aluno e do professor em torno da realização das tarefas escolares. A atividade auto-estruturante do aluno é gerada, toma corpo e transcorre não como uma atividade individual, mas  como parte integrante de uma atividade interpessoal que a inclui.A atividade do aluno que está na base do processo de construção do conhecimento está inscrita de fato no domínio da integração ou interatividade professor/aluno. (Coll, 1981 in Coll, 1994)




segunda-feira, 19 de abril de 2010

Primeiras impressões

A primeira semana de estágio foi bastante instigante, nervosa, mas ao mesmo tempo muito animadora. Tenho trabalhado com a turma do 5º ano desde o primeiro momento do ano, então sei quem são e onde estão. Agora os desafios são os vôos que poderemos alçar juntos.
O projeto de estágio é bastante interessante pois resgata e recoloca em minha pauta a interdisciplinaridade e o próprio trabalho de projetos. Coloca lado a lado propostas de Libâneo que diz em 2002 que Interdisplinar diz respeito à interação entre duas ou mais disciplinas visando trocas entre os especialistas e uma integração entre disciplinas no interior de um projeto específico de ação ou de pesquisa. Contra a fragmentação e compartimentalização do conhecimento.; e  Hernandes e Montserrat defendem o projeto de aprendizagem nos dizendo que “Esse envolvimento dos estudantes na busca da informação tem uma série de efeitos que se relacionam com a intenção educativa dos Projetos. Em primeiro lugar, faz com que assumam como próprio o tema, e que aprendam a situar-se diante da informação a partir de suas próprias possibilidades e recursos. A partir disso tudo espelho-me na s palavras de Paulo Freire a realizar o trabalho e ao ver que os alunos não são, e sim estão sendo, assim como "o mundo não é, ele está sendo", pois a cada descoberta eles e elas se constituem cidadãos mais questionadores e críticos das próprias descobertas e falas do professor,anteriormente tão conclusivas em suas vidas.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Antes do estágio. Momento 3

Um dos momentos mais importantes antes de iniciar o estágio daqui a uma semana foi a reunião com os pais da turma. Na verdade, reunião de mães. Sexta feira, dia 26 de março, reunimos os pais e mães da comunidade em assembléia geral e após cada turma reuniu os pais e mães dos alunos e alunas. Cada mãe entrou na sala e encontrou um cartão de boas vindas e crachás com seus nomes, todos confeccionados pelos estudantes da SALA MÀGICA, realizamos um trabalho semelhante ao trabalho do sonho com a música Fascinação e cada mãe escreveu o seu sonho para o seu filho no ano. Após conversamos sobre tudo isso e sobre a forma de trabalho e o estágio que seria realizado por mim na turma. Após debatemos os interesses e as ansiedades de todoas as mães e encerramos a reunião com a confecção do cartaz sobre o sonho das mães da SALA MÀGICA.

Antes do estágio. Momento 2


A ansiedade pelo estágio é grande, e gostaria junto com os alunos fazer tudo e mais um pouco. Tenho trabalhado com ele muito daquilo que acredito, e venho construindo com eles possibilidades de um outro mundo possível. Desafiei a todos no início de nosso trabalho a que pensassem em um sonho possível para esse ano. Mostrei a turma a música interpretada por Elis Regina - Fascinação e possibilitei com que entendessem que sonhos podem ser sonhados quando estamos acordados e juntos construimos um  sonho possível individual, um sonho coletivo para a turma e um sonho para quando serão adultos. muitas foram as idéias, registramos tudo e colocamos em um grande cartaz na sala, todos os sonhos juntos, e a partir daí, nomeamos a nossa sala como "SALA MÁGICA", o lugar para que nosso sonhos possam se tornar realidade.


Antes do Estágio. Momento 1

O estágio inicia em uma semana, e as atividades com a turma já estão sendo trabalhadas como se fosse o estágio. Elaborei um trabalho sobre a Dengue que envolveu a turma durante duas semanas e a escola como um todo. Inicialmente lancei o assunto do calor extremado durante os primeiros dias de aula, e muitos foram os questionamentos. O mais relevante foi o perigo sobre a dengue. A partir dai pedi que escrevessem o que sabiam sobre a dengue, depois disso pesquisamos em livros, folhetos e na internet muito sobre a dengue. Construimos coletivamente textos e montamos uma estratégia de combate a dengue. Saimos pela escola para descobrir focos da dengue, tentamos eliminá-los e confeccionamos cartazes sobre o que é dengue, seus cuidados, focos permanente e não permanente e colocamos em toda a escola alertas para todos os focos encontrados. O próximo passo será confeccionar panfletos e distribuir pela comunidade alertando para que eleimine-se todo e qulquer foco do mosquito da dengue.