O vazio do futuro é tão-só um futuro vazio.
Penso, pois que, perante isso, só ha uma saída: reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser.
(Boaventura de Souza Santos, Pela mão de Alice, p. 322, 1995)
Esta semana, marco a entrega de boletins em duas das escolas que trabalho. As duas escolas realizaram atividades concomitantes uma delas fez Assembléia de pais para escolha de comissão para eleição de CPM e a entrega de boletins e a outra oportunizou jogos interséiries para os alunos e também a entrega de boletins. Mas o que me leva a escrever é a conversa junto a essas atividades que tive com professores colegas. Reunido estávamos quatro professores: um com idade pouco superior a 20 anos, um com idade próximo aos trinta, um com idade acima dos trinta e eu, bem pertinho de 40... QUA REN TA! Bom, detalhes que o tempo não esconde e que nos lega experiência... Muita experiência. E as falas eram sobre os alunos, os problemas, aquilo que eles não aprendem e que estão interessados em todas as coisas que não fazem parte do conteúdo e etc, etc, etc. A história de sempre, a gente ensina e eles não aprendem porque sempre estão pensando em outra coisa. Questionei os meus colegas em três pontos: Quando eram alunos a sala de aula era diferente do que é hoje? A entrega de boletins era feita de outra forma do que aquela que estávamos fazendo? Quando eram alunos tinhamos comportamento muito diferentes de nossos alunos? Para espanto geral, todas as resposta, mesmo que fossem cheias de explicações e argumentações foram um taxativo Não. Conversamos mais sobre a educação e sobre a relação dos pais com a educação a escola e a participação de comunidade, mas o papo se desfez pois haviamos de atender os pais e dar atenção as outras atividade.
Talvez esse relato possa ilustrar as palavras de Boaventura, citadas por Gadotti em Pedagogia da Terra, 2000, p. 55.
Durante muito tempo a sala de aula é a mesma. Meu filho, estuda em uma sala de aula com porta janela, quadro, mesas e cadeiras, uma atrás da outra e uma mesa de professor, maior que todas a frente. É claro que vez por outra, eles saem para ver teatro, fazer educação física, fazem um trabalho prático, mas em geral, estão ali, presos um atrás do outro a merce da fala do professor. E peal conversa com meus colegas, cada um representando uma geração e até um deles estrangeiro, a sala de hoje é iguas a de dez, vinte e trinta anos, e pelos estudos durante o curso, podemos afirmar que é igual a cem anos. tudo modifica, a sala de aula permanece. Então:
A verdade é que, depois de séculos de modernidade, o vazio do futuro não pode ser preenchido nem pelo passado nem pelo presente.
Ou seja.mesmo que avancemos em relações pessoais, tecnologias, conhecimentos, parece que na escola, na sala de aula, as coisas são eternas, enraizadas de tal forma que o futuro se vê vazio, pois nem o passado muda, nem o presente modifica e o futuro é apenas a repetição e quando olhamos de fora, não há horizonte, não há novidade, não há futuro, apenas as mesama coisas e essas mesmas coisas nos passam uma sensação de vazio, de nada, de não evolução.
O vazio do futuro é tão-só um futuro vazio.
è então pertinente reafirmar o mestre e dizer que esse vazio, esse ser igual pode representar um nada daqui para frente, apenas a repetição e isso pode ser uma futuro sem perspectiva, um futuro vazio.
Penso, pois que, perante isso, só ha uma saída: reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser.
Também como Boaventura penso que é preciso radicalizar. Não podemos mais apertar engrenagens como fazia Carlitos em tempos modernos. Tmos que desapertar as engrangens, ou não apertá-las, ou ir além, não trabalhar com engrenagens, temos que reinventar o jeito de fazer educação. Temos que apostar na inversão da competitividade em cooperação, temos que construir um mundo sustentável, não pelo mercado e sim pela necessidade natural de ser humano, temos que inverter lógicas de capital que acumulam aquilo que pode e deve ser compartilhado para que todos tenham o pão. E isso é que deve ser ensinado, sem demérito a conteúdos que avançam a tecnologia e a arte, a escrita e o esporte, mas para que o futuro não seja um vazi, é preciso que tenhamos seres humanos repartindo o que o planeta nos oferece, e para isso é preciso mudar, radicalizar em nossas ações e em nosso pensamentos, defendendo e executando uma ideologia que reescreva a história de uma sociedade que se solidariza com todos e não apenas com alguns, para que as alternativas que antes foram colcadas em prática e talvez não alcançaram o desejado, sejam resgatadas e recartografadas para que não deixem de ser possibilidade de um um mundo sestentável, ético, solidário e amoroso.