quinta-feira, 24 de junho de 2010

Para refletir II

A verdade é que, depois de séculos de modernidade, o vazio do futuro não pode ser preenchido nem pelo passado nem pelo presente.
O vazio do futuro é tão-só um futuro vazio.
Penso, pois que, perante isso, só ha uma saída: reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser.

(Boaventura de Souza Santos, Pela mão de Alice, p. 322, 1995)


Esta semana, marco a entrega de boletins em duas das escolas que trabalho. As duas escolas realizaram atividades concomitantes uma delas fez Assembléia de pais para escolha de comissão para eleição de CPM e a entrega de boletins e a outra oportunizou  jogos interséiries para os alunos e também a entrega de boletins. Mas o que me leva a escrever é a conversa junto a essas atividades que tive com professores colegas. Reunido estávamos quatro professores: um com idade pouco superior a 20 anos, um com idade próximo aos trinta, um com idade acima dos trinta e eu, bem pertinho de 40... QUA REN TA! Bom, detalhes que o tempo não esconde e que nos lega experiência... Muita experiência. E as falas eram sobre os alunos, os problemas, aquilo que eles não aprendem e que estão interessados em todas as coisas que não fazem parte do conteúdo e etc, etc, etc. A história de sempre, a gente ensina e eles não aprendem porque sempre estão pensando em outra coisa. Questionei os meus colegas em três pontos: Quando eram alunos a sala de aula era diferente do que é hoje? A entrega de boletins era feita de outra forma do que aquela que estávamos fazendo? Quando eram alunos tinhamos comportamento muito diferentes de nossos alunos? Para espanto geral, todas as resposta, mesmo que fossem cheias de explicações e argumentações foram um taxativo Não. Conversamos mais sobre a educação e sobre a relação dos pais com a educação a escola e a participação de comunidade, mas o papo se desfez pois haviamos de atender os pais e dar atenção as outras atividade. 
Talvez esse relato possa ilustrar as palavras de Boaventura, citadas por Gadotti em Pedagogia da Terra, 2000, p. 55.
Durante muito tempo a sala de aula é a mesma. Meu filho, estuda em uma sala de aula com porta janela, quadro, mesas e cadeiras, uma atrás da outra e uma mesa de professor, maior que todas a frente. É claro que vez por outra, eles saem para ver teatro, fazer educação física, fazem um trabalho prático, mas em geral, estão ali, presos um atrás do outro a merce da fala do professor. E peal conversa com meus colegas, cada um representando uma geração e até um deles estrangeiro, a sala de hoje é iguas a de dez, vinte e trinta anos, e pelos estudos durante o curso, podemos afirmar que é igual a cem anos. tudo modifica, a sala de aula permanece. Então:





A verdade é que, depois de séculos de modernidade, o vazio do futuro não pode ser preenchido nem pelo passado nem pelo presente.

Ou seja.mesmo que avancemos em relações pessoais, tecnologias, conhecimentos, parece que na escola, na sala de aula, as coisas são eternas, enraizadas de tal forma que o futuro se vê vazio, pois nem o passado muda, nem o presente modifica e o futuro é apenas a repetição e quando olhamos de fora, não há horizonte, não há novidade, não há futuro, apenas as mesama coisas e essas mesmas coisas nos passam uma sensação de vazio, de nada, de não evolução.

O vazio do futuro é tão-só um futuro vazio.

è então pertinente reafirmar o mestre e dizer que esse vazio, esse ser igual pode representar um nada daqui para frente, apenas a repetição e isso pode ser uma futuro sem perspectiva, um futuro vazio.

Penso, pois que, perante isso, só ha uma saída: reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser.

Também como Boaventura penso que é preciso radicalizar. Não podemos mais apertar engrenagens como fazia Carlitos em tempos modernos. Tmos que desapertar as engrangens, ou não apertá-las, ou ir além, não trabalhar com engrenagens, temos que reinventar o jeito de fazer educação. Temos que apostar na inversão da competitividade em cooperação, temos que construir um mundo sustentável, não pelo mercado e sim pela necessidade natural de ser humano, temos que inverter lógicas de capital que acumulam aquilo que pode e deve ser compartilhado para que todos tenham o pão. E isso é que deve ser ensinado, sem demérito a conteúdos que avançam a tecnologia e a arte, a escrita e o esporte, mas para que o futuro não seja um vazi, é preciso que tenhamos seres humanos repartindo o que o planeta nos oferece, e para isso é preciso mudar, radicalizar em nossas ações e em nosso pensamentos, defendendo e executando uma ideologia que reescreva a história de uma sociedade que se solidariza com todos e não apenas com alguns, para que as alternativas que antes foram colcadas em prática e talvez não alcançaram o desejado, sejam resgatadas e recartografadas para que não deixem de ser possibilidade de um um mundo sestentável, ético, solidário e amoroso.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Uma história quase triste

Essas história aconteceu comigo, mas poderia ter acontecido com qualquer pessoas. Não nos preocupemos pois apesar de triste, ela pode ter um novo final. Ela não aconteceu nem nas aulas da faculdade nem no estágio,nem em minha escola. Ela aconteceu em um trabalho muito distante de muito tempo atrás num lugar muito longem, mas o protagosnista era o mesmo que escreve hoje esse blog. A proposta do trabalho era  debater um assunto delicado com um grupo de alunos classificados como problemas, como terríveis, como os alunos que ninguém quer. Onde eles foram parar? Em um trabalho específico... O trabalho era difícil, pois o grupo de alunos era heterogênio na idade, nas série que frequetavam e nenhum tinha o mínimo interesse no assunto que trabalhávamos. Mas mesmo assim, um grupo de educadores e eu fomos adiante, discutindo debatendo e proporcionando uma vivência diferente dentro da escola desse grupo, porém fora dos padrões que eles estavam acostumados e diferente daquele organizado pela escola. Após vários encontros, inclusive de teatro, os alunos terríveis estvam comprometidos com o trabalho, organizados para encenar e radiantes com a oportunidade de mostrar aquilo que eram capazes além do envolvimento com a criminalidade, as drogas e principalmente o vandalismo e desrespeito na sala de aula e na escola. Pasmem: a instituição a qual estavamos trabalhando ignorou por completo essa mudança e taxou como problema não mais os alunos, e sim o trabalho e os educadores pois os mesmos atrapalhavam o andamento das aulas, o trabalho e conteúdo dos professores e isso era motivo suficiente para incomodação para a escola. Em nada, em momento algum, o trabalho e o comprometimento dos alunos e sua mudança de atitude ocasionou mudança de postura da escola para com eles. E assim o trabalho terminou e ficou na história, que hoje relembro contando pra você que lê. Talvez os alunos envolvidos não leiam, talvez alguns nem vivam mais talvez estejam preseos ou talvez tenham superado esse estabelecimento e o que compartilhamos tenha sido uma luz para uma outra vida possível. Isso com certeza foi para o menino que ontem encontrei atendendo em uma livraria e gritou do fundo da luja para mim: - E aí professor, como está, fazendo muito teatro? Sorri, o cumprimentei e nos abraçamos. Suas palavras foram: Que bom ver o senhor, tenho tanta saudade daquele tempo, mas hoje estou aqui, o que o senhor veio comprar...

"Se, a partir das origens dos sistemas de ensino modernos, a pedagogia tivesse sido concebida como uma ação individualizada, a profissão de professor teria se desenvolvido de acordo com o modelo da medicina, da psicologia ou do serviço social. Nesses setores, ninguém teria a idéia de reunir dezenas de pacientes ou clientes para lhe administrar um tratamento coletivo. Este é, em definitivo, o paradoxo da condição de professor: ser progressivamente submetido a normas ou a um modelo ideal quase tão exigente quanto aos que regem a medicina, a psicologia, ou o trabalho social, enquanto as condições de exercício da profissão são herança dos séculos em que, para transmitir conhecimentos, era suficiente reunir alunos, falar com eles, impor-lhes exercícios escritos.Levar em conta as diferenças para não transformá-las em desigualdades, porém fazê-lo em um sistema cuja organização básica é alheia a tal preocupação: essa é a mensagem que atualmente se dirige a muitos professores e que pode dar-lhes, não sem razão, a impressão de praticar um ofício impossível." (PERRENOUD, 2001)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para refletir

A verdade é que, depois de séculos de modernidade, o vazio do futuro não pode ser preenchido nem pelo passado nem pelo presente.
O vazio do futuro é tão-só um futuro vazio.
Penso, pois que, perante isso, só ha uma saída: reinventar o futuro, abrir um novo horizonte de possibilidades, cartografado por alternativas radicais às que deixaram de o ser.

(Boaventura de Souza Santos, Pela mão de Alice, p. 322, 1995)

Andando com as próprias pernas

Em muitas vezes como professor me deparo com momentos de angústia, pois desejo intensamente ensinar meus alunos e alunas aquilo que acredito e nem sempre consigo visualizar se isso realmente aconteceu. É claro que sei que ninguém educa ninguém (FREIRE, 2000),  somos todos construtores coletivamente do conhecimento, mas o sentimento de alcançar o objetivo de ver o ensinamento se alargar nas mãos de um menino e de uma menina são impagáveis. No último período, o período de estágio, comecei a entender mais as palavras de Paulo Freire quando ele diz que é preciso ser protagonista do seu próprio saber. E isso se fez em vários momentos dentro de sala de aula, mas especificamente na 9ª semana de estágio tínhamos várias atividades: Retomada dos conteúdos em virtude do longo feriado, Início da Copa do Mundo de Futebol e preparativos para a festa junina. Um dos momentos marcantes foi a solicitação dos alunos em criarmos algo para apresentarmos, visto que eramos a única turma que ainda não havia preparado nada. Combinei com os alunos que montaríamos uma encenação e propus que a fizessem enquanto eu organizava as últimas decorações alusivas a Copa do Mundo e separava as doações para a festa de São João. As crianças conversaram, debateram, discutiram, deram idéias, recusaram idéias e pediram que eu colocasse músicas de São João. Buscamos o aparelho de som e o cd com as música e assim fizemos, as músicas tocaram e todos e todas foram dançando e organizando uma sequencia de cena sem que eu estivesse como orientador. Ao final da aula, tínhamos uma encenação de dez minutos com história, falas e dança, era apenas necessário produzir e ensaiar aquilo que os alunos construiram. Isso me fez ter certeza que é possível trabalhar com liberdade, democracia e participação, além da autonomia para que os alunos e as alunas sejam protagonistas de seu próprio aprendizado. E assim fazendo-se protagonistas de sua própria produção intelectual.

(...) Mas por onde começar? O que está no início, o jardim ou o jardineiro? É o segundo. Havendo um jardineiro, cedo ou tarde, um jardim aparecerá. Mas um jardim sem jardineiro, cedo ou tarde desaparecerá. (ALVES, 1998 in GADOTTI, 2000).