segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A cor da cultura

E as cotas,

discriminam?






A resposta inicial talvez seja politicamente correta: As cotas não discriminam. Ou podemos ser mais acadêmicos e dizer que as cotas são uma reparação histórica ao que foi submetido o povo negro no brasil Colônia e no Brasil Império. Ou podemos identificar aí, mais uma forma de discriminação, pois afinal de contas está sendo reservada uma cota específica pelo fato da pessoa ser de determinadacor e não por suas capacidades ou competências, seria uma afirmação da não competência de determinado povo.





E o embate pode passar por aí... São caminhos de debate.








Quando falamos em cotas, estamos implicitamente falando de uma realidade ligada as relações interraciais. Negros e Brancos, invariavelmente também índios e outras etnias. Mas basicamente fala-se dos negros.





Nossa região - Vale dos Sinos - historicamente é calcada numa predominância branca, em todos os sentidos. Nas ruas, nas escolas, nas empresas,nos costumes, nas festas... O número de pessoas brancas é maior do que o de pessoas negras.





Mas ao nos ater a detalhes e questões que passam cotidianamente despercebidas talvez encontremos a cultura afro mais presente do que pensamos enxergar, conseguiremos perceber a pele negra mais frequente do que nossos caminhos, que sempre são invariáveis.








Vejamos alguns pontos em nosso cotidiano próximo:





Quantos diretores e diretoras de escolas municipais são negros? E supervisores?





Quantos alunos do PEAD - Pólo de São Leopoldo são negros?





Quantos professores e tutores tivemos que são negros?





Em nossas escolas, qual o número de professores e alunos negros?





E nas escolas particulares?





E fora da escola, onde estão as pessoas de pele negra?





Não fiz pesquisa de campo, mas uma pequena amostragem nos levam a algumas respostas como: há uma diretora negra nas escolas do município de São Leopoldo, algumas colegas negras no Pólo, uma tutora negra...





Onde esta a igualdade racial? É necessário as cotas para dar a mesma oportunidade a todos?





Não entendo as cotas como favor, nem como desmerecimento, entendo as cotas como um processo democrático de possibilitar com que todos e todas, principalmente aqueles que foram durante séculos desrespeitados e excluidos do processo de desenvolvimento tenham a possibilidade de contribuir com o mundo, e aos que negligenciam tal opinião, sugiro que tentem passar um dia como se fossem negros no centro de nossa cidade,ou no shopping, ou em uma loja ou mercado, observem os olhares dos seguranças, dos caixas e mesmo das pessoas, é claro que nem todos e todas, mas uma grande parte ainda vê na cor da pele um problema, um perigo... E isso nos leva a cada dia a necessidade de salvaguardar a integridade do ser humano que está ao nosso lado. A política de cotas insere o negro em instâncias antes reservadas somente a branco e a ricos, e é preciso aprendermos com as novas políticas que visam a busca de um outro mundo possível, como disse Eduardo Galeano no final de semana, no programa Encontros para a História da SPORTV, referindo-se a Fórum Mundial de Porto Alegre que talvez tenha sido uma das grandes resistências deste início de século para a implementação de diversas políticas de reparação no mundo inteiro.

Um comentário:

Suelen Assunção disse...

Que bárbaro trabalho, Marcelito!
Argumentos que mostram teu posicionamento e, além disso, problematiza outros argumentos que por aí circulam.
Adorei.
Acho que todos, principalmente aqueles que são contra as cotas, deveriam ler teu pequeno e interessante texto.
Beijão
Suelen - tutora da sede - Seminário Integrador V